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Cláudio Prisco fala sobre pesquisas eleitorais

12.09.2007 às 18:09

Cláudio Prisco Paraíso, jornalista de A Notícia, falou sobre um tema polêmico: a influência das pesquisas eleitorais na vontade do eleitor. Inicialmente, contou que as pesquisas começaram a fazer parte do cotidiano do país a partir do restabelecimento das eleições diretas para os governos dos Estados, em 1982. Nesse período, os meios de comunicação começaram a dispensar a elas uma atenção especial.
Para ele, de acordo com a tradição histórica de Santa Catarina, Estado marcado por pleitos equilibradíssimos, qualquer fator adicional é capaz de influenciar o processo. "Até porque o eleitor não costuma votar em candidato derrotado.” Prisco apurou que, na opinião de especialistas internacionais, a pesquisa poderia "balançar" o votante na casa do dígito único, oscilando de 2 a 5% do eleitorado, no limite. Mas em contrapartida, as próprias pesquisas aferiram que, em média, metade da população não acredita nelas.
Em suas conversas com proprietários de institutos de pesquisa, descobriu que eles se queixam da legislação atual, extremamente restritiva e rigorosa nas suas exigências. "Se com a vigilância da Justiça Eleitoral, os excessos são cometidos em larga margem, imaginem se houver flexibilização, será péssimo! Tem que apertar cada vez mais!” Prisco explica que o problema que ocorre é a proliferação de pequenos institutos regionais pelo Brasil afora (alguns fantasmas e de aluguel). “Ainda há os controlados por grupos políticos. Daí o risco de deformações e manipulações que podem comprometer as campanhas e até o próprio processo democrático.” Para evitar essas distorções, Prisco opina por uma boa solução: grandes conglomerados de comunicação possuírem seu próprio instituto. Citou o exemplo da Folha de São Paulo, que criou o Datafolha, que não aceita encomenda de partidos e candidatos.
Para ele, a saída é tornar as pesquisas mais confiáveis, pela conduta ética de sua formulação e pelo aperfeiçoamento da sua metodologia científica. "As pesquisas de opinião não foram criadas para proporcionar ambiente favorável a um ou outro segmento partidário, mas para retratar o sentimento popular. Indiscutivelmente, é melhor conviver com elas do que sem elas em nome da pluralidade democrática.”

Cláudio Prisco atua no jornalismo desde 1980. Foi analista político do Diário Catarinense, da RBS TV, da Itapema FM e CBN Diário. (RQ/ECW/DF)


Entrevista com Cláudio Prisco Paraíso

O senhor acredita que as pesquisas exercem sobre o eleitorado um processo indutivo que modifica e até conduz os rumos da campanha?
Os especialistas internacionais consideram a interferência das pesquisas no processo eleitoral de 2 a 5 %, uma margem relativamente pequena. Mas 50% da população não acredita nas pesquisas.
Aqui em SC as eleições são bastante equilibradas, onde qualquer 2 a 5% pode exercer influência. Daí a necessidade da importância desse evento, para pôr em debate a questão da reforma política eleitoral, que inclui a necessidade de as pesquisas buscarem um aperfeiçoamento. Se isso não ocorrer, há, sim, a possibilidade de distorcerem o rumo eleitoral. O evento é importante também na medida em que envolve as universidades, que podem vir a se engajar nos processos de pesquisas.

Seria uma solução haver a suspensão da divulgação das pesquisas embora continuassem a ser feitas e os candidatos tivessem acesso a elas?
Acho que seria pior sem elas, pois estamos num mundo globalizado e a opinião pública tem o direito de ter acesso a informação. A solução não é restringir, mas melhorar a metodologia científica na formulação dos questionários e realização das pesquisas. Também é imprescindível a fiscalização, como já existe por parte da Justiça Eleitoral, e que deve ser cada vez maior para que acabar com a possibilidade de manipulação e de comprometimento da lisura eleitoral.

É um problema também o fato de quem tem maior poder aquisitivo poder comprar as pesquisas, publicá-las e fazer a divulgação?
Para isso a Folha de São Paulo criou o Datafolha, que não faz pesquisa para candidato ou partido. Existe um comprometimento de mão dupla, pois se o instituto pisar na bola a Folha também tem prejuízo. Uma boa saída é um determinado órgão de comunicação contratar um instituto para certa campanha eleitoral, pois assim não poderá mais ser contratado por partido ou candidato naquela campanha. O que não dá é um meio de comunicação e um candidato contratarem um mesmo instituto. Como vão dar credibilidade a essas pesquisas?

E o término das pesquisas 15 dias antes da eleição?
Discordo dessa estratégia. O que deve ser feito é melhorar a qualidade e fiscalização das pesquisas e evitar que grupos políticos exerçam influência sobre o instituto.